domingo, 4 de dezembro de 2016

Ode

Ode ao ódio que consome 
Aos pobres que não sabem 
Aos ricos esnobes 
Ao céu escuro 

Ode a fome, aos embriagados 
Ode ao teatro, ode a todos os sotaques 
Ode ao poema que não sabe o porque de ser escrito 

Ode ao poeta, ao fingidor 
Aquele que prefere as correntes 
De um doentio amor, as benesses 
Da liberdade 

Ode a tristeza, criadoras de mundo 
De universos paralelos entremeados 
De pedras no caminho 
Como Carlos Drummond de Andrade

Ode ao fim e a psiqué 
Que de psicodélico só os 
Políticos de uma terra inerte 

Ode as vírgulas aos pontos 
As proparoxítonas, e aquela 
Palavra grande que hoje faz tanto sentido
Inconstitucionalissimamente 

Ode as estrelas e a Camões 
A Guimarães e a Joyce 
Que nunca li, mas seu Ulisses 
O mais famoso 

Ode a tudo o que for ode
A tudo que for ódio 
A tudo que se perder 
Nas horas do relógio 

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