sábado, 28 de maio de 2016

Não alucinogéno

Parece que tudo o que eu conheço desaparece, as convicções mudam a cada dia, como se o café perdesse o sabor. Os sons são as únicas coisas que me envolvem. Buscam a inconsciência nas substâncias alucinogénas, no álcool, na fumaça de cheiro forte do cigarro. Os artistas, pelo menos os mais iminentes afloravam suas mais preciosas ideias após o consumo da inconsciência.
Já eu, sinto vazio desses alucinogénos.
Quando escrevo, sinto a alucinação vinda de um coração rosa, de uma mente doente, de um sentimento sem sentimento, de lágrimas de fogo. A própria vida e seus instantes piram mais do que qualquer droga. Preciso de drogas, claro, mas não para conseguir ser, mas para sobreviver aos percalços naturais.
Espirro.
Tosse.
Rouquidão.
 Vão falar, porque gostam de falar, que sou estranho, ou ao menos vão pensar, esse ser é de outro planeta, ou não falarão nada, porque não se tem o que falar. Prefiro uma inconsciência plena, musical, poética, que esfumaçada, psicodélica, desenfreada.
Ser tudo isso é tão macabro quanto maquiavélico.

Ser tudo isso é ser eu.

Nenhum comentário:

Postar um comentário