Parece que
tudo o que eu conheço desaparece, as convicções mudam a cada dia, como se o
café perdesse o sabor. Os sons são as únicas coisas que me envolvem. Buscam a inconsciência
nas substâncias alucinogénas, no álcool, na fumaça de cheiro forte do cigarro.
Os artistas, pelo menos os mais iminentes afloravam suas mais preciosas ideias
após o consumo da inconsciência.
Já eu, sinto
vazio desses alucinogénos.
Quando
escrevo, sinto a alucinação vinda de um coração rosa, de uma mente doente, de
um sentimento sem sentimento, de lágrimas de fogo. A própria vida e seus
instantes piram mais do que qualquer droga. Preciso de drogas, claro, mas não
para conseguir ser, mas para sobreviver aos percalços naturais.
Espirro.
Tosse.
Rouquidão.
Vão falar, porque gostam de falar, que sou
estranho, ou ao menos vão pensar, esse ser é de outro planeta, ou não falarão
nada, porque não se tem o que falar. Prefiro uma inconsciência plena, musical,
poética, que esfumaçada, psicodélica, desenfreada.
Ser tudo isso
é tão macabro quanto maquiavélico.
Ser tudo isso
é ser eu.
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