sábado, 31 de dezembro de 2016

Fim.

O fim
m
i
f
de frente para trás
de trás para frente
não tem coisa ruim com ele
pois sempre chega
Mesmo que demore anos
mesmo que demore séculos
chega. 
ora para erguer a cabeça e dizer: vamos, de novo
ora para simplesmente acabar
e os transeuntes continuar suas vidas
e ter apenas o retrato como lembrança
fim não é só ponto, é vírgula também
é continuidade, é lembrança
é dos fins que se faz história.

domingo, 4 de dezembro de 2016

Ode

Ode ao ódio que consome 
Aos pobres que não sabem 
Aos ricos esnobes 
Ao céu escuro 

Ode a fome, aos embriagados 
Ode ao teatro, ode a todos os sotaques 
Ode ao poema que não sabe o porque de ser escrito 

Ode ao poeta, ao fingidor 
Aquele que prefere as correntes 
De um doentio amor, as benesses 
Da liberdade 

Ode a tristeza, criadoras de mundo 
De universos paralelos entremeados 
De pedras no caminho 
Como Carlos Drummond de Andrade

Ode ao fim e a psiqué 
Que de psicodélico só os 
Políticos de uma terra inerte 

Ode as vírgulas aos pontos 
As proparoxítonas, e aquela 
Palavra grande que hoje faz tanto sentido
Inconstitucionalissimamente 

Ode as estrelas e a Camões 
A Guimarães e a Joyce 
Que nunca li, mas seu Ulisses 
O mais famoso 

Ode a tudo o que for ode
A tudo que for ódio 
A tudo que se perder 
Nas horas do relógio