quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

t o r t a s l i n h a s

Principio e fim, morte e vida, contrários em mim, versados sobre papéis, canções formadas, mil e uma utilidades para palavras inventadas todos os dias em que a busca do sentido esvai-se no redemoinho de pedacinhos tão, tão dantescos que o “e se” perde sentido.

Sentido é o que alguém procura. Quiçá seja eu, ou você, que lê esse texto, ou mesmo, um ser que transcende a realidade. Mas, o que temos que deixar bem explanado é que o plano dessa existência é tão amorfo, quanto macrotransformado.

É tudo líquido, diz por aí nosso amigo Bauman. É tudo, sem sentido. Porque sentido vem de sentir que está indo para algum lugar, em que sentir é concordar com corações. É tanta discórdia, que meu coração não consegue se achegar a nenhum outro mais. Tentei fazer poesia para quem eu achava que amava e saiu versos meio tortos.

Trepida sobre o vento
seus cabelos enquanto meus olhos
percebem teus encantos

Bobagem de gente que ainda ingere sólido. Dizem que quem se deixa levar a vida é mais emocionante. É assim mesmo. Para que preocupar-se? Para que encontrar-se? Para que escrever e sentir. Deixa a vida fluir.

Esses filósofos deveriam ser todos tão, tão, tão, nem consigo explicar. Sentir é para os fortes, procurar propósito e entender que podemos seguir é a base de se moldar todos os dias.


Tudo muda, dizia Heráclito, e ele está certo. Somos feitos de renovo. Só não encontra o próprio eu quem não deseja remoldurar-se em sentido. E por fim, num ciclo, recaminhamos, na marcha dos que são descontroladamente perversos poéticos.