domingo, 14 de maio de 2017

antes de observar que o tempo diluiu escrevi estes versos


http://www.democrart.com.br/aboutart/wp-content/uploads/2015/03/Democrart_Salvador_Dali_Obra6.jpg


acordei, não abri os olhos.
passou uns minutos, abri os olhos.
olhos fecharam, abri o corpo.
corpo fechou, aí levantei.

lavei o rosto com os olhos fechados, o corpo aberto
e a mente toda inerte
fui a cozinha preparar café.

fervi alma, coei corações
e sorvi desgosto.

aí, já estava de olhos abertos, de corpo fechado
e a mente fluida.

percebi que não tinha aberto as janelas 
era escuro, espelho dos meus inversos
escancarei as janelas e entrou luz
e olhei o horizonte todo líquido,
colorido, e cheirando a merda.

fechei a janela, parei minha mente,
encostei o corpo, sorri. 

existia uma flor na beirada da pia
e ela não estava lá, existia
e agora, no plano da consciência não existe

só me restava sentar. sentei.
lembrei, ou tentei
puxar das linhas da ausência
o amor.

por fim, percebi, o tempo diluir
tudo o que é sólido
e perdi, o que mais me mantinha vivo
amar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário