segunda-feira, 15 de maio de 2017

Poematráfico





sou traficante de poesia
e usuário de verso
cada linha que escrevo
é um novo universo

é respiração ação
resistência, diante de um mundo
que dilui em palavras
ódio, desamor, desistência

a cada tragada da pedra do caminho
tenho convulsões líricas machadianas
olho oblíquo, caneta irônica
bilhetes mnemônicos de Garcia

carne podre, e não é de demônios que falo
sim, de palavras pútridas dos Anjos
transcende a glória da luta, versos de Buarque
e procuramos verbete a verbete
significados no Holanda

injeto em mim verbo, meu olho fica vermelho de amor
proibido, vendido, lolita, Basílio,
Vicente, tanto Gogh como o Gil
metamorfoseio incongruências dentro de mim

sou caleidoscópio e maldição
honra, estupidez
acredito na poesia,
pois ela transforma
em ricas palavras
a miséria

é esperança, e remédio
é dor, felicidade, é espanto
poesia é versificar a vida
sem significação
é simplicidade de Quintana
dançando no meio da praça
com seu Sapato Florido

cheirei formas de linguagem
e corri com
vvvvvvvvvv
vvvvvvvvve
vvvvvvvvel
vvvvvvvelo
vvvvvveloc
vvvvveloci
vvvvelocid
vvvelocida
vvelocidad
velocidade
até não me alcançar mais

trafico, uso, retrafico, reuso
o verso, a polissemia,
a tuberculose, a doença
a taquicardia
uso a poesia como substância ilegal
para sair desse mundo de distopia


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